Djonga mexe com as estruturas do Km de Vantagens Hall, em BH, com show do disco "Ladrão" - Palco Pop
Cobertura, Música | Publicado por Rafael Martins em 22 de abril de 2019.
Djonga mexe com as estruturas do Km de Vantagens Hall, em BH, com show do disco “Ladrão”

“Abram alas pro rei”. O trecho da música “Hat-Trick“, do disco “Ladrão” não poderia representar melhor o que o rapper Djonga representa pra multidão que encheu o Km de Vantagens Hall, em BH, no domingo de Páscoa (21).

Uma platéia fervorosa e heterogênea viu Gustavo Pereira Marques (nome de batismo do MC) cumprir sua promessa de transformar a terra do pão de queijo na terra do Djonga. E nós do Palco Pop fomos convidados para ser umas de suas testemunhas.

Em pouca mais de uma hora e meia, o rapper revisitou sucessos dos seus primeiros discos, “Heresia” e “O Menino Que Queria Ser Deus“, e apresentou as músicas de ”Ladrão”, que foram devidamente entoadas pelo público que esgotou os ingressos para o show apenas seis horas depois da abertura das vendas.

Para cumprir sua missão, Djonga trouxe ao palco os colaboradores do seu último disco: os rappers Felipe Ret, Sidoka, Doug Now, MC Kaio, Coyote Beatz, além do comediante Yuri Marçal, conhecido por seu humor ácido em relação a racismo.

Como sempre, Djongador não deixou de lado o teor sociopolítico e racial que o tornou importante para tantos jovens ali presentes. Ele lembrou sobre o tempo em que andava pela região mais abastada de Belo Horizonte e era discriminado por ser negro e reafirmou seu compromisso com a representatividade dentro e fora dos palcos:

“Tô no palco na área deles, eles tem que entender que os filhos deles me amam. “O ingresso de hoje custou R$10. Muitas pessoas morreriam sem pisar aqui dentro se não fosse isso. Chegamos aqui sem precisar de revólver, boca de fumo, sem roubar os outros”.

Para além das críticas, encontramos um Djonga mais sensível e amoroso do que nunca, reafirmando sua devoção à família na canção “Bença“. O MC levou a multidão as lágrimas quando trouxe a avó Maria Eni, os pais Ronaldo e Rosângela e o pequeno Jorge, filho do cantor, pra subir ao palco.

E antes de cantar “Leal“, uma de suas faixas mais românticas, o rapper lançou um discreto “casa comigo” para a namorada, a estudante de cinema, Malu Tamietti. Tudo isso ao som de muitos “fogo nos racistas”, trecho de “Olho de Tigre” que se tornou a canção-assinatura do rapper.

No rap “Olho de Tigre“, o cantor convida o público à abrir uma roda no meio da quadra do KM de Vantagens Hall, para que o famoso bate-cabeça aconteça. Olha só o resultado:

Com o show do disco “Ladrão”, o MC “rouba” o seu lugar de direito como um dos maiores rappers de sua geração, em um espetáculo inteligente e purificador sobre poder, afetividade, resiliência e autoestima. O talento de Djonga é, acima de tudo, cantar com a segurança e responsabilidade de quem sabe ser a voz de uma revolução.

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