#MemóriaPop: R.E.M e a festa do 90  - Palco Pop
Colunas | Publicado por Viviane Loyola em 21 de setembro de 2018.
#MemóriaPop: R.E.M e a festa do 90 

É sempre bom conhecer mais sobre artistas e bandas com bastante tempo de atividade e que continuam ativas ou influenciando os novos talentos, né? Esse é o objetivo da coluna Memória Pop. A cada semana um artista diferente, sua biografia, discografia, reflexões variadas sobre estilo, trajetória e legado dentro do pop.

Se você pesquisa sobre o R.E.M vai descobrir que foi uma banda de rock norte-americana formada em 1980 pelo vocalista Michael Stipe, guitarrista Peter Buck, baixista Mike Mills e pelo baterista Bill Berry. O verbo conjugado no passado é uma tristeza para os fãs do grupo com os quais me identifico totalmente. 

Em 21 de setembro de 2011 foi anunciado o fim oficial do R.E.M por uma nota publicada no site do grupo: “Aos nossos fãs e amigos: como R.E.M., e como grandes amigos e colaboradores, decidimos nos separar como banda. Nós nos despedimos com um grande sentimento de gratidão, completude e orgulho de tudo que conquistamos. A qualquer pessoa que se sentiu tocada pela nossa música, nossos maiores agradecimentos por ouvir”. 

R.E.M

 

Ler isso foi um lamento porque quando o R.E.M se tornou mais popular com o single The One I love, em 1987, eu estava começando a frequentar festinhas e me acabei de dançar ao som da banda. Uma geração inteira conheceu, ouviu e dançou R.E.M em algum momento. Em uma noite de sábado certamente. Desde o primeiro single Radio Free Europe, lançado em 1981, período em que havia um grande número de bandas de hardcore e punk nos Estados Unidos, o R.E.M cumpriu o papel de trazer de volta as bandas de garagem e o pop-rock do fim dos anos 60.

E a banda não emplacou apenas sucessos animados dos 80 e 90. Foi também responsável por músicas como Everybody Hurts, eleita certa vez pela Billboard como a mais bela canção de todos os tempos.  Diria que tão bela quanto triste, dessas que você escuta quando o amor vai embora e que traduz um pouco do espírito do grupo na época: a música está inserida em um álbum lançado em 1992 que refletia sobre a passagem do tempo, a chegada dos 30 anos, perdas e luto. Além de Everybody Hurts, o álbum Automatic for the people, meu preferido e o mais aclamado pela crítica, trouxe ainda hits como Man on the Moon, Drive, Find the River. Foram 15 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.  

Uma vez comentando com amigos sobre a playlist de uma festa que faríamos disse tem que tocar R.E.M. Um amigo quis saber qual disco do R.E.M. Entendi a pergunta perfeitamente porque queriam fugir ao mainstream. Com os hits Losing my Religion e Shinny Happy People, a banda se torna premiada com três Grammy Awards e seis MTV Video Music Awards e alcança popularidade mundial. Logo meus amigos não queriam tocar em nossa festa especificamente essas músicas porque tocaram demais nas pistas de dança, nos canais de música e nas rádios. Eu sou partidária da ideia que se uma banda de rock alternativo como o R.E.M obtém êxito comercial é motivo para comemorar porque mais gente poderá ouvir sua música. 

Penso que em algum momento, como artistas, a banda também entendeu que dava para ser popular sem deixar de ser uma banda de garagem da Georgia querendo fazer um som diferente. Críticos que acompanham a banda desde o seu início nos anos 80, quando trabalharam incansavelmente lançando um disco atrás do outro e fazendo shows em locais como pequenos teatros e clubes noturnos, dizem que a banda nunca perdeu sua personalidade, não se descaracterizou, manteve o mesmo som e atitude que o caracterizaram desde o início.

Os hits Losing my Religion e Shinny Happy People são uma delícia e podem tocar em qualquer parte, a qualquer época, que vou sair cantando e dançando felizona. Não me importo que tenham tocado muito nas rádios, mas tem gente que se importa e quer ouvir e conhecer um pouco mais do R.E.M menos comercial.  Então escutem por exemplo o décimo primeiro álbum Up, lançado em 1998. O disco fez bem menos sucesso, vendeu menos, não emplacou hits, mas é uma jóia de delicadeza com letras autobiográficas e Michael Stipe na sua melhor forma.                  

Com toda banda com que nos relacionamos durante tanto tempo, e a relação que tive foi de mais de 20 anos e queria nunca tivesse fim, temos as preferências e os momentos mais marcantes da trajetória. Eu me apaixonei definitivamente por Michael Stipe no show do Rock in Rio de 2001. O que foi aquele show?  Foram duas horas e meia de show e logo de cara o R.E.M. já mostrou que o show seria uma verdadeira coletânea de sucessos ao vivo.

A primeira canção foi Finest Worksong, do álbum Document, lançado em 1987. Na sequência a banda se jogou para a plateia com seus maiores sucessos como What’s The Frequency, Kenneth?, The One I Love, Man On The Moon, Everybody Hurts e Losing My Religion. O final triunfal foi com It’s The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine). Foram 19 músicas selecionadas a dedo, todas bem conhecidas do público, e Stipe inspiradíssimo, bebendo doses de caipirinha, desceu do palco e literalmente se jogou na plateia.

Se você conhece pouco do R.E.M ou como eu é uma fã saudosa da banda vale a pena rever trechos da apresentação no Rock in Rio, um dos melhores shows que já assisti. 

R.E.M, você foi, você é parte da minha história.  

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