Conhecer bandas novas ou mesmo um artista solo, que realmente nos faça ficar envoltos em suas histórias, pode ser uma tarefa difícil em meio a tantas informações. Porém, estamos aqui para te ajudar nessa missão! Toda semana apresentaremos a vocês diferentes artistas do cenário independente que assim como nós vocês precisam ouvir. Hoje vamos falar sobre a MPB progressiva e experimental da banda mineira, Matiza.
Devido à grande quantidade de diferentes influências que as novas bandas possuem, fica difícil classifica-las dentro de apenas um gênero musical. Logo é comum vermos o surgirem nomenclaturas que tentam classificar as novas manifestações musicais.
Vocês já ouviram falar em MPB progressiva e experimental?
Quando a banda de hoje usou essa classificação durante a entrevista, eu logo me surpreendi. Eu já ouvi falar em metal progressivo e música experimental, agora MPB progressiva e experimental foi a primeira vez.
Por conta da nossa velha mania em querer comparar as coisas, logo me coloquei a pensar em uma banda que pudesse se encaixar nessa classificação e me lembrei dos consagrados Novos Baianos que, durante as décadas de 60 e 70, fizeram da música popular brasileira um infinito mar de experimentações.
A verdade é que classificar é fazer com que se encaixe dentro de padrões, e por muito tempo nós lutamos para que os padrões fossem quebrados e os artistas pluriculturais pudessem fazer o seu próprio som matizando novos cenários musicais.
Matiza é sinônimo daquilo que varia, gradua, enfeia e ornamenta. Matizar é harmonizar cores destacando nuances que as diferenciam das cores puras. Com a banda Matiza não poderia ser diferente. A diversidade entre os integrantes faz com que o som destaque nuances que os distinguem do comum.
Aos fãs de Boogarins, Baleia e Lagum, Matiza é a banda que lhe faltava.
Ouça a música “Xote na Rússia”:
Foi através de encontros e reencontros que a Matiza surgiu em Belo Horizonte, Minas Gerais. Inicialmente formada por Edu Maia e Bruno Amorim, a banda nasce da vontade de tocar e produzir músicas autorais. Os dois amigos iniciaram uma busca por mais dois integrantes que compartilhassem das mesmas vontades e pudessem se dedicar totalmente ao novo projeto até que Edu se lembrou de Vítor Barros, com quem já havia tocado em uma antiga banda. Vítor convidou o seu xará Vítor Lima, e juntos fizeram parte da primeira formação.
O primeiro show aconteceu no dia 13 de outubro de 2017 e tudo ocorreu como planejado, entretanto devido a alguns problemas pessoais, o baixista Vítor Lima precisou se afastar. Não demorou muito para que Pedro Martins, que era amigo de um amigo do Edu, assumisse o posto de baixista. Após vários shows, em diferentes formatos, o baterista Vítor Lima também precisou se afastar se mudando para São Paulo. Destino ou não, Flávio “Batata” que havia sido técnico de som da banda em um dos shows que realizaram, tocava bateria, e logo o convite surgiu para que ele fizesse parte do projeto.
Atualmente formada por Edu Maia (vocal), Bruno Amorim (guitarra e vocal), Pedro Martins (baixo e vocal) e Flávio “Batata” (bateria e percussão), a Matiza é uma grande promessa do novo cenário musical de Belo Horizonte.
O Começo
“Quanto a mim, comecei a frequentar aulas de musicalização logo quando criança e aos 7-8 anos de idade entrei na aula de violão e guitarra, quando minha paixão pela música se iniciava. A Matiza começou comigo e Dudu, através de uma mensagem de celular, como uma ideia de se reunir para compor e tomar cerveja. Tocamos com excelentes músicos que hoje já não fazem parte da banda – Victor Lima e Vítor Barros – em diversas casas e eventos em BH. Então, conhecemos o Pedrão, através de amigos, e o Batata, que trabalhou como técnico de som em um de nossos shows. Convidamos eles pra se juntarem a nós, e o entrosamento e paixão pelo que fazemos se fez evidente desde o primeiro momento. A banda está próxima de completar seu primeiro ano de existência e só temos a agradecer por tudo que estamos vivendo.” Conta Bruno Amorim.
Influências
“Cada membro da banda vem de experiências musicais muito ricas. O Bruno tem muita influência de guitarristas de metal, como o Synister Gates, do Avenged Sevenfold. O Eduardo cresceu ouvindo muita MBP, forró, baião, principalmente influenciado por seus pais. O Pedrão tem uma musicalidade efervescente, canta em uma banda de pagode, toca e canta em uma de Black Music e faz shows no formato baile/formatura/casamento. O Batata já tem longa história com a música progressiva e com o rock, principalmente. Ele, também, já tocou e tem atuado em diversas bandas de rock.”
Como foi a reação da família quando escolheram a música como profissão?
“Minha família, que sempre foi bastante ligada à música, demonstra enorme apoio e orgulho por essa escolha e pelo trabalho que estamos fazendo. É a busca de um sonho e, acima de tudo, um prazer absurdo poder contar com o apoio de nossos amigos e familiares desde o início da banda.”
No início da carreira, vocês tinham algum estilo definido ou se preocupavam em desenvolver músicas para um determinado público?
“Sempre deixamos as coisas fluírem naturalmente, sem imposições de estilo. Ao mesmo tempo, sempre compartilhamos músicas uns com os outros a fim de abrirmos nossa cabeça para os sons interessantes que os artistas vêm fazendo.”
Hoje em dia, qual é público-alvo e qual o diferencial de vocês?
“Nosso público alvo é formado, em maioria, por jovens. Jovens que se emocionam com a música, que apreciam novas experimentações musicais. Nosso diferencial é a sonoridade bem particular, fruto de combinações de nossas influências. Apresentamos também um show muito versátil, com nossas músicas autorais e covers de diversos estilos, que agrada todos os públicos.”
Se preocupar com a estética ou deixar fluir?
“Nossas canções são bastante misturadas, experimentamos bastante nas composições. Não nos preocupamos com questões estéticas, deixamos a experiência da composição fluir e cada membro contribui à sua maneira.”
Da nova geração, quem são as maiores influências?
“Ah, temos várias! Daqui de BH estão surgindo várias bandas com estilos até então inexistentes e que estão ganhando força no cenário nacional. A Lagum é um grande exemplo disso. Nosso som é mais puxado pra MPB progressiva e experimental, então os grupos como “5 a seco” e “Boogarins” também exerce bastante influência no nosso som, principalmente nas composições do Bruno.”
Em julho deste ano lançaram seu primeiro EP, intitulado “Matiza”, gravado, mixado e masterizado por Fred Chamone no Studio Independente em Belo Horizonte. As linhas instrumentais ressaltam de forma clara as diferentes influências de cada integrante. Através das três faixas que compõe o disco é possível sentir uma proximidade com outras bandas do cenário “belorizontino”, o dedilhado da guitarra e a ambiência inicial em “Tropical Gin”, segunda faixa do EP, lembram as linhas feitas pela banda Lagum, mas logo o refrão chega, e faz uma clara referência ao reggae.
Compondo, gravando e produzindo o primeiro EP
“Eu já tinha escrito um poema a muito tempo, em 2015 eu acho, e ele estava parado na gaveta. O Bruno me perguntou se eu já tinha escrito alguma coisa, e cantarolei o ritmo desse poema. Ele gostou demais, falou que tínhamos que terminar a letra e já ia pensar em uma harmonia. Dito e feito! Sentamos eu, Brunão e o Vítor Barros, baixista ainda na época, e compusemos o final da letra, nós três juntos, foi muito bom e o brunão veio com a harmonia genial de Xote na Rússia que tem uma pegada brasileira de MPB muito massa. A Tropical Gin, eu e Brunão compusemos a letra. Ele me mandou um riffzinho que tinha feito e eu tive uma ideia, pensei um pouco no Charlie Brown Jr, imaginei o chorão cantando e fiz uma coisa do estilo no início da música. O Bruno pensou em um refrão com influência do Armandinho, então o refrão ficou bem reggae, bem chiclete mesmo, e no meio da música tem um solo progressivo, então o Brunão foi genial na harmonia da música, e a composição da letra eu e ele escrevemos. A terceira música do nosso EP, é Ah! se eu pudesse voltar, uma música que o Brunão escreveu sozinho, ele mesmo compôs a letra, fez a harmonia, melodia da voz, tudo! Só teve algumas alterações quando a gente chegou pra gravar mesmo, porque o registro da voz dele estava muito grave e aí o produtor sugeriu de a gente fazer um pouco mais alto e ficou massa, ficou muito massa.”
Plataformas Digitais
“As plataformas digitais, de certa forma, democratizaram o acesso e a distribuição da música. Acreditamos que elas sejam ferramentas muito importantes na divulgação do trabalho de artistas e bandas independentes, como é o nosso caso.”
Além das plataformas, quais são as formas que utilizam para conquistar e fidelizar novos fãs?
“Além das plataformas digitais, conseguimos fidelizar nossos fãs por meio dos shows que fazemos em locais públicos e privados. É muito provável que todas as pessoas cantem com a gente pelo menos uma música, e isso, sem dúvida, nos aproxima do público. Nós também promovemos bastante interação com o público por meio das redes sociais, com destaque para o Instagram.”
Vocês conseguem atingir um público fora das capitais, em diferentes cidades do interior?
“Ainda não tivemos a oportunidade de fazer shows em outras cidades ou estados, mas é um objetivo que temos em mente e planejamos executar muito em breve. Apesar disso, já tivemos um retorno bacana de pessoas de outras cidades de Minas Gerais, do Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro. Esperamos que nossa música possa chegar em todos os cantos do nosso país!”
O que os fãs podem esperar de vocês nos próximos meses?
“Nós temos várias composições já arranjadas apenas no violão, o Bruno é nosso maior compositor, ele simplesmente aparece com as músicas prontas. Então, a ideia para os próximos meses é arranjar as músicas que já estão compostas e fazer muitos shows pra arrecadar dinheiro, pois nosso plano agora é crescer. Lançamos o EP a dois meses e vamos lançar o single no final do ano, queremos sempre lançar material pra galera ouvir nosso som, que está cheio de coisas diferentes, autênticas. Daqui um ano e meio sairá um álbum, enquanto isso os fãs podem esperar muitos shows em lugares diferentes.”
Recentemente a banda gravou um single no estúdio Orgânico Estúdio em Piracaia (SP), sob a orientação dos engenheiros de áudio Marcelo Ariente e Valtão Pinha, que estará disponível entre o final de novembro e início de dezembro com direito a um vídeo clipe.
Enquanto o single não saí nós continuaremos curtindo o EP, e para quem estiver em Belo Horizonte no dia 22 de setembro, poderá curtir o som da Matiza ao vivo no Pub Major Lock. Para mais informações, basta acompanhar o perfil oficial da banda nas redes sociais: Facebook e Instagram.
Que o acaso continue reservando boas surpresas para vocês, muita luz e sucesso!
Ouça o EP Matiza completo no Spotify.