As Bandas Que Ouvi Por Aí: O pagode independente do grupo Aballou - Palco Pop
Colunas | Publicado por Beatriz Carlos em 29 de julho de 2018.
As Bandas Que Ouvi Por Aí: O pagode independente do grupo Aballou

Conhecer bandas novas ou mesmo um artista solo, que realmente nos faça ficar envoltos em suas histórias, pode ser uma tarefa difícil em meio a tantas informações. Porém, estamos aqui para te ajudar nessa missão! Toda semana apresentaremos a vocês diferentes artistas do cenário independente que assim como nós vocês precisam ouvir. Hoje vamos falar do pagode independente do grupo Aballou.

Todas as décadas sempre foram marcadas por algum gênero musical. Durante os anos 90 foi o pagode quem tomou conta das rádios e televisão. Grupos como o Molejo, Só Para Contrair e Exaltasamba tornaram o estilo popularmente conhecido.

Apesar da ascensão da música sertaneja o samba e o pagode nunca perderam seu espaço, é muito comum ligar a rádio e ouvir um grupo de pagode tocando. O estilo é extremamente dançante e as letras, em sua maioria, possuem caráter cômico. Quem nunca dançou e riu ao cantor “A barata”, “Dança Da Vassoura” ou “Brincadeira de Criança”?

Tudo começou a séculos atrás, no Rio de Janeiro, através dos negros africanos que vieram como escravos para o Brasil. Os batuques se incorporaram a outros ritmos e logo a miscelânea de estilos musicais deu origem ao samba e mais tarde ao seu subgênero mais conhecido, o pagode.

O grupo Aballou, natural da cidade de São Paulo, mantém firme a raiz do pagode dançante e descontraído. Apesar de ser uma banda com trabalhos totalmente independentes nunca deixaram a desejar na qualidade de suas músicas.

Aos fãs de Ferrugem, Atitude 67 e Thiaguinho, Aballou é a banda que lhe faltava.

Assista ao Lyric Video de “O Pai Dela”:

Conheça um pouco mais sobre o grupo que é formado pelo Danilo (cavaco e voz), Cris (violão e voz), Xandy (tantã e voz), Kado (pandeiro) e Vitão (surdo e percussão).

O Começo

“O contato com a música, vem de família, nossos pais sempre nos levaram em rodas de samba, alguns eram sambistas e assim o legado veio pra nossa geração. O Aballou já existia, mas com outra formação, o Cris conhecia o Bola, um dos fundadores do Aballou e lembro que faltava justamente os caras do Cavaco e do violão… Rolou muita química já no primeiro instante. O Aballou foi formado por jovens da zona lestre de SP em Ermelino Matarazzo, com intuito de unir os amigos da escola, do bairro, fomos tocando em festinhas e assim o grupo se firmou.”

Como a família reagiu ao escolherem a música como profissão?

“No Brasil a música, ainda não tem o tratamento e atenção que merece, então isso acaba não sendo visto como profissão, mesmo que o músico, banda, artista, não seja famoso! Então, os pais tentam nos instruir pra seguir outros caminhos profissionais com a intenção de nos poupar de futuras decepções. Mas quando a gente provou que o negócio é sério, eles entenderam e hoje super apoiam.”

No início se preocuparam em ter um público definido?

“O Aballou sempre tocou de tudo um pouco, tocamos até legião urbana (risos). A nossa sonoridade se adequa, a qualquer estilo que quisermos tocar. O nosso público maior sempre foi o da mesma faixa etária que a nossa, então nunca pensamos nisso, ou tentamos isso, sempre fluiu naturalmente. Não temos um alvo, não sei se isso é bom ou ruim. Mas nunca nos preocupamos em atingir público A ou B. O diferencial é a inovação (com cuidado), e a veracidade no trabalho. O importante é estar focado no que acredita. O principal é estar feliz fazendo o que ama!”

Quais foram as maiores influências?

“A nossa maior foram nossos pais, pois o amor e dom pela música, pelo samba, foi herança deles! Então devemos toda nossa influência a eles!”

Da nova geração, qual artista vocês admiram?

“O Ferrugem é sem dúvida uma influência pra gente. É um novo artista do Samba que chegou revolucionando e até contribuindo para o samba em todos meios musicais!”

Plataformas Digitais vs CD

“Uma ferramenta muito inteligente e pratica, de fácil uso pra quem quer ir atrás do seu som! Plataforma, hoje, é essencial, e adoramos estar nelas, porém preferíamos ter feito parte da era em que os grupos vendiam CDs.”

Como conquistam novos fãs?

“A melhor forma é o tete a tete. Conquistar fãs pelo show, somente lá é possível estreitar os laços de artista e fã, conquistar um fã é e sentir a troca de energia, o ao vivo é sem dúvidas a melhor forma de atrair e conquistar. Hoje é possível, mascarar teu som dentro de um estúdio, porém no ao vivo não! Ao vivo é real e o que vale.”

Vocês conseguem atingir um público fora das capitais?

“Estamos conseguindo agora com o nosso CD “Do meu jeito”, tudo está fluindo. Estamos com shows no interior de São Paulo e até mesmo no Rio de Janeiro. É uma grande vitória, principalmente por sermos um grupo totalmente independente!”

Ouça a música “Alegria Na Minha Favela”

O termo “independente” muitas vezes ligado a banda de rock é muito comum também no samba e pagode. Muitos grupos estão fora de gravadoras e investem em produção de discos e EPs com o próprio dinheiro.

Em 2018 lançaram o álbum “Do Meu Jeito” que, como o próprio nome sugere, representa a maneira como os jovens músicos da zona leste de São Paulo levam sua vida, com muita humildade e alegria. Contendo 10 faixas, o disco tem como tema principal o amor. As canções são descontraídas e fáceis de decorar.

A segunda faixa do álbum, “O Pai Dela”, conta, de forma totalmente descontraída, sobre as desventuras de um genro com o seu sogro. A canção possui um verdadeiro enredo, enquanto a escutamos é impossível não imaginar tudo que está acontecendo, são citados diversos programas de televisão e um deles até rendeu a primeira aparição dos meninos em rede nacional.

Vocês lançaram o álbum “Do Meu Jeito” recentemente, foi o primeiro trabalho de vocês? Como foi o processo de criação do disco?

“Em 2011 fizemos um Ep com 6 faixas, quando Ep ainda não era moda, foi totalmente sem querer!! O EP levou o nome de “Vamos Brilhar” e foi produzido pelo Fábio Negrão, que é nosso baterista e compositor de muitas faixas do novo disco. Foi nossa primeira experiência em um estúdio! Muito legal lembrar. E esse disco chamado “Do Meu Jeito”, consideramos como se fosse o primeiro, pois a gente ralou de início ao fim. A gente participou da produção, direção e mixagem, além de ser um disco totalmente autoral. Os arranjos foram feitos pelo Naldo Souza, que também nos ajudou na direção, e o Fabinho DB que arranjou a música “O Pai Dela”. Esse disco era pra ter sido um bate bola, pois tínhamos muitas músicas guardadas e pedimos os arranjos de base pro Naldo pra gente gravar bem simples, soltar na internet e ver a reação da galera, porém quando chegamos no estúdio, os arranjos eram perfeitos e a ideia de bate bola ficou pra trás!”

Quais os próximos passos que pretendem dar?

“Estamos tentando fazer parcerias com rádios e representantes de vendas de shows para levarmos o nosso trabalho para todo Brasil. Lançaremos o CD físico no mês de agosto e a meta é gravar um DVD em 2019.”

O que os fãs podem esperar de vocês daqui pra frente?

“Podem esperar um grupo feliz que sabe mostrar o significado do nome. Nós viemos para abalar vocês com amor, alegria, consciência e astral, através da nossa música!”

Com muita humildade o grupo Aballou vem conquistando seu espaço. Embora seja difícil fazer apresentações em programas de televisão e rádio, os meninos da zona leste provaram que com muito carinho e talento é possível chegar longe. Com um longo caminho pela frente, esperamos que tudo dê certo durante o lançamento do CD físico e gravação do DVD.

Que a alegria de viver permaneça viva, o pagode não pode parar!

Ouça o álbum completo no Spotify.

Direitos reservados. Desenvolvido por Lucas Mantoani.