As Bandas Que Ouvi Por Aí: Do Norte ao Sul com Jesus Luhcas - Palco Pop
Colunas | Publicado por Beatriz Carlos em 22 de julho de 2018.
As Bandas Que Ouvi Por Aí: Do Norte ao Sul com Jesus Luhcas

Conhecer bandas novas ou mesmo um artista solo, que realmente nos faça ficar envoltos em suas histórias, pode ser uma tarefa difícil em meio a tantas informações. Porém, estamos aqui para te ajudar nessa missão! Toda semana apresentaremos a vocês diferentes artistas do cenário independente que assim como nós vocês precisam ouvir. Hoje vamos falar do artista multitalentos, Jesus Luhcas.

Em meio a enorme diversidade cultural que vivemos fica difícil de­finir o estilo musical dos artistas que estão surgindo. A mistura faz parte do povo Brasileiro e se mostra a cada dia mais presente nas composições dos nossos artistas pop.

Muito além de gêneros musicais, a mistura em que vivemos engloba todas as classes sociais e é responsável por promover debates relacionados a orientação sexual, religião e conflitos pessoais.

O artista Jesus Luhcas é um grande exemplo de diversidade, além de cantor é compositor, dançarino e ator. Nasceu em São Luís do Maranhão, mas reside em Joinville há 6 anos. Desde então bebeu conhecimento de todas as fontes, desde a igreja até a rua.

Toda e qualquer experiência é valiosa e Jesus sabe disso. Apesar de todas as dificuldades e obstáculos durante o seu caminho o artista se manteve firme e hoje segue rumo ao lançamento do seu primeiro EP.

Aos fãs de Liniker, Johnny Hooker e Rico Dalasam, Jesus Luhcas é o artista que lhe faltava.  

Assista ao clipe de “Pode Me Chamar de Bixa”:

O Começo

“Eu comecei na arte muito cedo, minha mãe me colocou para estudar aos 2 anos. Aos 6 anos de idade meu primeiro contato foi com a música, porque a professora da escola tinha me convidado para cantar na formatura no final do ano. Dai quando eu cantei a primeira vez na formatura eu falei ‘cara é isso que eu quero fazer pro resto da minha vida’, mas quando a gente fala isso quando é criança ninguém leva muito a sério. E aí segui, mas alguns meses depois aconteceu um episódio que foi muito marcante, o episódio de um estupro. Eu sofri estupro aos 6 anos de idade e as vezes as pessoas omitem algumas informações da sua vida, mas eu acho que isso é uma informação que mostra o quanto que a arte foi importante na minha vida como um todo e o quanto ela é importante em uma sociedade assim como a educação. Depois do episódio do estupro eu perdi a vontade de sociabilização, a gente perde, é isso que acontece. Eu tinha crise de pânico, medo, enfim. Meus tios me levaram para igreja porque eu passei algumas noites sem conseguir dormir bem. Com essa ida a igreja eu tive contato com a dança, eu vi meninos dançando, eu falei ‘opa, que massa’, e parece que naquele momento que a dança surgiu, surgiu uma nova esperança, um novo propósito. E pronto! Ficava dançando em casa, escondido, até que um dia o cara da dança me chamou e eu entrei no grupo de dança onde comecei a me desenvolver. Aos 12 anos eu fui chamado por uma companhia de dança, comecei a dançar na companhia também e fazer teatro. Nesse período eu fui dos 9 aos 18 anos fazendo teatro e dança e com 14 anos eu ganhei um violão. Eu comecei a tocar violão em casa porque eu gostava de música, sempre gostei, eu já estava no meio da dança. E o desejo de cantar começou a voltar assim, sabe?! E então eu comecei a compor. Estava dançando profissionalmente, estava fazendo teatro junto e em casa compondo e cantando.”

Virgem com Ascendente em Libra

“O virgem me influenciou muito, você não tem noção. Por mais que seja uma brincadeira, obviamente, eu sempre tentei fazer as coisas muito certinhas, ainda mais com esse ascendente em libra. Eu não sou muito chato em relação a organização, limpeza, esses estereótipos virginianos a gente quebra, mas quando fala de trabalho eu sou bem chato, bem detalhista. Eu penso no show como um todo, com início, meio e fim, figurino e momentos específicos. Eu que faço os roteiros, eu trato os shows que eu faço como um espetáculo mesmo, pensando em cada ponto, em conduzir o público dentro de um sentimento, depois levar para o ápice, depois voltar e depois terminar no ápice. Eu penso tudo isso, essa é a parte virginiana em mim. E meu ascendente em libra me possibilita ser uma pessoa muito sociável, então eu tenho também esse lado de dentro dos relacionamentos, tanto em casa quanto na vida, quanto no trabalho, eu sempre tento deixar todo mundo bem, no sentido de ter uma cordialidade entre as pessoas, que todo mundo se sinta bem trabalhando porque assim que fica gostoso trabalhar quando todo mundo está bem, e se alguém está mal a gente também respeita o dia dele.”

Influências

“Minha grande influência não é tão conhecida assim, ela está no meu dia a dia. É a minha mãe, trabalhando e dando duro para que eu tivesse um futuro melhor. É o meu professor de dança que acreditou em mim e me chamou para dançar. Meus professores de canto coral que estavam lá o tempo todo, fazendo de graça e investindo em mim. Minha grande influência são essas pessoas que acreditaram em mim.”

Se preocupar com a estética ou deixar fluir?

“As composições nascem de formas muito aleatórias. Por exemplo, a minha primeira composição, que foi a minha primeira música que eu gravei e meu deu início a vida pública como cantor foi a “Bicho Solto”.  Eu tinha acabado de romper com algumas convicções religiosas e na época eu era líder de jovens na igreja, fui 3 anos líder de jovens, eu rompi e sai da igreja, a primeira música que eu fiz foi chorando dentro do ônibus que foi a “Bicho Solto” e com ela eu aprendi que meu modo de compor mais genuíno é cantar e deixar sair. Eu estava no ônibus cantando, chorando e gravando no meu celular e ai eu aprendi que essa é uma das melhores formas de compor pra mim porque onde quer que eu esteja se me vem uma melodia e uma ideia na cabeça eu vou em um cantinho, canto no meu celular, gravo e depois eu chego em casa, pego o violão e tento fazer um arranjo. É mais ou menos assim a minha estratégia de composição.”

Em 2016 recebeu o convite do produtor Xuxa Levy para gravar uma canção com o Projeto NUOVO no qual artistas como Xênia França e Rico Dalasam já haviam participado.

Como conheceu a banda que te acompanha?

“Todos eles são meus amigos. Eu os conheço a bastante tempo. Todos eles trabalham como freelancers também, eles são músicos e tem outros projetos, então todos trabalham comigo como freelancers. Eu tenho duas bandas formadas e essas duas bandas formadas conhecem um ao outro.”

Além de compositor é produtor?

“Na parte dos arranjos musicais eu sou bem enxerido, eu me meto em tudo, eu falo de tudo, eu faço com a boca para eles reproduzirem o que eu estou pensando até a música ficar como está na minha cabeça. Nessa parte eu sou meio chato. No meu novo EP eu mesmo produzi, eu peguei tudo que a gente já tinha feito e pela primeira vez eu tive a oportunidade de colocar a sonoridade que estava dentro da minha cabeça, que eu estava pensando. E ta muito lindo pra mim, eu amo o que eu faço, eu vou admitir pra você (risos).”

Plataformas Digitais vs Show Ao Vivo

“Sobre as plataformas digitais, eu acho que elas ajudam demais a todos os artistas. Nós sabemos que tem gente que produz e distribui música de uma forma muito boa, mas que ao vivo não é equivalente. Eu me alegro em dizer que meu show ao vivo é muito mais alegre que meu CD. Essa conexão que se gera no show jamais será gerada por uma plataforma mainstream, porque lá é lindo, gera muita conexão, mas você em um palco, cara a cara com seu público cantando junto é insubstituível.”

Gostaria de deixar algum recado para os seus fãs?

“Se eu fosse falar uma coisa importante para todo mundo, eu queria falar que quem está lendo é importante. Eu faço uma coisa nessa vida que é cantar e eu amo fazer isso, eu me sinto realizado fazendo isso e eu sinto que isso não faz bem só pra mim, mas faz bem pra outras pessoas também. A minha mãe trabalha como a tia da limpeza de um shopping, ela limpa as mesas e retira as bandejas, ela deixa as mesas limpinhas pra que os próximos clientes possam se sentar em uma mesa limpa. Ela é tão importante quanto eu! E o leitor é tanto importante quanto eu, todo mundo é muito importante nessa grande engrenagem. As vezes a gente fica procurando pessoas para poder dar importância, mas a gente não consegue perceber que quem é mais importante na nossa vida está do nosso lado todos os dias, são as pessoas que nos rodeiam e nos ajudam, elas são importantes. Eu faço isso por elas porque sei que elas fazem muito por mim também!”

O que os fãs podem esperar de você nos próximos meses?

“Esperem um vídeo clipe, esperem o lançamento do meu primeiro EP e esperem me conhecer melhor. Existem muitas facetas do Jesus Luhcas que as pessoas ainda não conhecem.”

O triste episódio ocorrido em sua infância e o rompimento com suas convicções religiosas nunca foram motivos para que Jesus desistisse ou destratasse alguém. É com muito amor e com muito valor que devemos tratar uns aos outros e Jesus Luhcas faz questão que isso fique bem claro por onde quer que vá.

Que os seus planos continuem prosperando e sua mensagem se espalhando!

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