As Bandas Que Ouvi Por Aí: O prodígio da música regional mineira, Felipe Bedetti - Palco Pop
Colunas | Publicado por Beatriz Carlos em 7 de julho de 2018.
As Bandas Que Ouvi Por Aí: O prodígio da música regional mineira, Felipe Bedetti

Conhecer bandas novas ou mesmo um artista solo, que realmente nos faça ficar envoltos em suas histórias, pode ser uma tarefa difícil em meio a tantas informações. Porém, estamos aqui para te ajudar nessa missão! Toda semana apresentaremos a vocês diferentes artistas do cenário independente que assim como nós vocês precisam ouvir. Hoje vamos falar do cantor, compositor, violonista e grande prodígio da música regional mineira, Felipe Bedetti.

O ano de 2017 foi extraordinário para música mineira. Artistas como Djonga, Veronez e Djambê roubaram a cena e abriram novamente os olhos do Brasil para a música de Minas Gerais. Entretanto, a cena musical de minas sempre existiu.

Os saudosos Milton Nascimento, Lô Borges, Tavinho Moura, Beto Guedes, Toninho Horta e tantos outros artistas que participaram e contribuíram para que o álbum “Clube Da Esquina” fosse mundialmente conhecido, fizeram grande sucesso nas décadas de 60 e 70 e ainda possuem um lugar mais que especial no coração de todos os brasileiros.

Porém, existe um gênero, para além do rap, pop e MPB, que sempre esteve presente e permaneceu vivo dentre todas as mudanças estilísticas sofridas pelo estado mineiro, o regional.

Apesar de rotulado a por muitos jovens como “música pra gente velha”, tal gênero representou e ainda representa a vida da maioria dos mineiros através de seu teor bucólico com histórias sobre o campo e a vida simples.

Com apenas 18 anos, o cantor, compositor e violonista Felipe Bedetti é respeitado pelos grandes nomes da música regional mineira, um grande prodígio com uma voz forte e eloquente, além de um jeito único de tocar e interpretar as mais belas canções com seu violão.

Aos fãs de Paulinho Pedra Azul, Clube Da Esquina e Rubinho do Vale, Felipe Bedetti é o artista que lhe faltava.

Assista à apresentação de “O Sertão do Meu Pai”:

O Começo

“Meu primeiro contato com a música, veio através do pai, ele sempre foi uma pessoa musical, toca violão, desde que eu era pequeno, ouvimos muita música juntos e sempre o vendo tocar. Minha história com a música veio a partir daí.”

A primeira apresentação

“Sempre trilhei na linha da MPB. Lembro a primeira vez que me apresentei em público, tinha oito anos, foi em minha terra, Abre Campo, na festa de Santana, uma festa típica de lá. Me lembro de ter cantado músicas de Roberto Carlos, Geraldo Azevedo e Alceu Valença. Era o que eu ouvia na época, as influências falam muito. Mais tarde, com um amadurecimento do meu trabalho, fui definindo o meu estilo, mas nunca fiquei preso em acompanhar modismos.”

 A música regional

“O primeiro contato que tive com esse estilo regional foi em minha infância, ouvia muito os discos Cantoria 1 e 2, dois discos gravados ao vivo, com 4 cantadores, Elomar, Geraldo Azevedo, Xangai e Vital Farias, aquilo me tocou muito, falavam das coisas simples, de uma forma muito bonita, a vida da roça, o cotidiano, elementos da natureza, as canções trovadorescas de Elomar, seu jeito matuto e erudito ao mesmo tempo, o cantar de Xangai, as sagas de Vital , o violão do Geraldo, cada vez mais me encantavam, me identifiquei muito com tudo isso, mais tarde, conhecendo o Trabalho de Tavinho Moura, Rubinho do Vale; Paulinho Pedra Azul, as canções “orgânicas” de Dércio Marques que foram um outro grande marco. E já comecei a compor coisas voltadas para esse gênero, minha primeira música, chama “Interior“, com Marilia Abduani, o cotidiano se passa numa cidade do Interior, logo depois “O Sertão do meu pai” com Zé Luiz Rodovalho. E fui produzindo… rs.”

Quais foram suas maiores influências?

“A música regional, e a música mineira como um todo, me influenciaram demais, Elomar, Dercio Marques, Paulinho Pedra Azul, Tadeu Franco, Xangai e Tavinho Moura, são algumas de minhas maiores influências.”

Como foi conhecer suas grandes influências?

“Acho muito engraçado que grande parte de minhas influencias, artistas que ouvi desde a infância, residem aqui em BH, mesmo antes de me mudar pra cá, quando comecei a frequentar BH, conheci pessoas maravilhosas, muitas portas abriram, fiz muitas amizades, tive a felicidade de cantar com mestres como Tadeu Franco, me apresentar com Ladston do Nascimento, Rubinho do Vale e Celso Adolfo, era um sonho de menino que virou realidade. Sou muito feliz por tudo isso.”

Você considera que tem um público definido?

“Acho que não tenho um público alvo específico, espalho minha música, e ela faz sentido com determinadas pessoas, geralmente quem gosta de meu trabalho, gosta de música mineira, música regional, mas acredito que não necessariamente.”

Se preocupar com a estética ou deixar fluir?

“Musicalmente tudo vem de forma muito natural, não costumo forçar nada pra que saia de tal maneira, mas a estética é muito importante, na questão de distribuição, por exemplo, tem que ter uma certa organização, temos que procurá-la em muitos momentos.”

Acredita que as plataformas digitais sejam mesmo relevantes?

“Com certeza! Nos tempos atuais, a internet se transformou a principal ferramenta, principalmente nos meios independentes e alternativos, hoje é muito fácil conhecer a obra completa, de um determinado artista, saber suas influências, carreira, etc. Antes era preciso comprar os discos, consultar em livros, fazer uma ampla pesquisa, a informação em geral ficou muito mais fácil. Ter um material físico, é muito importante, mas não podemos deixar de compartilhar nas redes.”

Quais as formas que utiliza para conquistar novos fãs?

“Os shows são uma boa forma! Ao vivo, a coisa acontece de uma forma mais intensa, é muito bom quando a pessoa gosta do nosso trabalho, e é muito legal, poder ter essa troca de experiencias, conhecer as pessoas pessoalmente, trocar ideias.”

O público fora das capitais

“Sempre me apresento no interior. Vim de uma cidade pequena, esse clima interiorano reflete muito em mim e em minha música, essa aproximação com a terra, a natureza, isso me inspira muito, ainda mais o interior de minas gerais.”

Hoje (06) acontece o lançamento oficial do primeiro álbum do jovem músico regional em todas as plataformas digitais. Com participações mais que especiais, o disco contém 10 faixas e possui uma maturidade musical inacreditável para um garoto de apenas 18 anos.

Felipe, além de cantar, compôs os arranjos para violão e os executou durante as gravações, sua performance incomparável no violão traz peculiaridade ao disco. A sua execução fica mais evidente durante as performances ao vivo, o músico se entrega e deixa que suas composições falem por si.

O Álbum

“Solo Mineiro é meu primeiro disco autoral, comecei o processo de produção em 2016, minha ideia era fazer um registro de algumas canções que havia composto até aquele período. Foi uma produção independente, fiz os arranjos de base, propus a cada músico a criação do próprio arranjo e começamos o trabalho. Os músicos são: Bruno Felga, Gabriel Guedes, Jader Moreira, Túlio Lima, Francisco Falcon e Ramon Rozado. São 10 canções em parceria com: Zé Luiz Rodovalho, Thales Martinez e Marília Abduani. Tem participações especiais de Ladston Nascimento e Tadeu Franco, dois amigos, e duas grandes influências para mim. Foi super prazeroso o processo de criação, uma grande experiencia para mim, trabalhamos muito e fiquei muito feliz com seu resultado.”

Qual o próximo passo que pretende dar em sua carreira?

 “Quero trabalhar bem meu primeiro disco, fazer os shows de lançamento, circular bastante por outras cidades e estados e desenvolver outros projetos musicais.”

O que os fãs podem esperar de você daqui para frente?

Estou mais presente nas redes, mais organizado nesse aspecto, podem esperar brevemente um site e sempre um material novo: um vídeo, uma canção e novas criações.

Com a crescente repercussão da música mineira é certo que o novo álbum de Felipe Bedetti será um sucesso. Apesar de a música regional constituir um gênero específico e pouco falado na mídia, a genialidade e musicalidade do jovem músico a trará novamente aos holofotes.

Que a simplicidade de suas composições permaneça para sempre viva!

Ouça o álbum “Solo Mineiro” no Spotify.

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